Carlos Pena
Ex-dirigente da Fenacoop e ex-delegado sindical na TAP
Testemunho de um cooperativista
Havia durante a revolução um grupo, que se reunia na Graça, em Lisboa, conhecido pelo nome de Praxis, que penso ser constituído na maioria por dissidentes do PCP e coordenado por um conhecido dissidente, cujo nome a minha memória não reteve. Nesse período em qualquer grupo apareciam sempre elementos ativos ou dissidentes do partido.
Quando fui convidado para aparecer ás reuniões desse grupo um dos presentes era Varela Gomes, cujo nome me recordava o assalto ao quartel de Beja. Era o elemento mais dinâmico do grupo, não de teorias, mas de grande criatividade prática para sugerir ações. Criou-se uma empatia entre nós, porque eu também sugeria ações concretas e não discussões ideológicas.
Sabendo que eu pertencia aos corpos gerentes da Federação Nacional das Cooperativas de Consumo ( FENACOOP ), e sendo conhecido que nesse período havia dificuldades no abastecimento de produtos alimentares, logo Varela Gomes propôs uma colaboração entre as cooperativas de consumo e a Manutenção Militar. Reuni-me com ele no edifício da Manutenção Militar no Beato, em Lisboa, para coordenarmos a ação a desenvolver.
Só mais tarde voltei a testemunhar que continuava ativo e sempre tentando materializar as suas ideias, como anos antes o tinha feito no referido grupo, quando o encontrei no âmbito da revista Versus e da Esquerda Revolucionária ( ER ).